Igrejas nos Lares

Capítulo Quatro (Chapter Four)

 

Várias vezes, quando as pessoas escutam sobre igrejas nos lares pela primeira vez, imaginam erroneamente que as únicas diferenças entre igrejas nos lares e igrejas institucionais são seu tamanho e suas habilidades relativas a cuidar de “ministérios.” Às vezes, acham que a igreja no lar não pode oferecer a qualidade de ministério dada por igrejas com prédios. Mas, se uma pessoa definir ministério como aquilo que contribui na formação de discípulos, ajudando-os a se tornarem mais como Cristo e equipando-os para o serviço, então igrejas institucionais não ganham vantagem, e como mostrei no capítulo anterior, elas podem estar em desvantagem. Com certeza igrejas nos lares não podem oferecer a qualidade de atividades das igrejas institucionais, mas podem se sobressair ao oferecer o ministério verdadeiro.

Algumas pessoas rejeitam igrejas nos lares como se não fossem de verdade, simplesmente por não terem prédios. Se essas pessoas tivessem vivido nos primeiros trezentos anos da Igreja, teriam rejeitado todas as igrejas do mundo por não serem de verdade. O fato é que Jesus declarou, “Pois onde se reunirem dois ou três em meu nome, ali eu estou no meio deles” (Mt. 18:20). Jesus não disse onde os crentes deveriam se reunir. E mesmo que, somente dois crentes se reúnam, Ele prometeu estar presente se o fizerem em Seu nome. O que muitas vezes os discípulos de Cristo fazem em restaurantes, compartilhando uma refeição e fazendo um intercâmbio de verdades, ensinando e admoestando uns aos outros, é na verdade mais próximo ao modelo de reuniões da Igreja do Novo Testamento do que acontece em muitos prédios de igrejas aos domingos de manhã.

No capítulo anterior, eu enumerei algumas vantagens que igrejas nos lares têm sobre as igrejas institucionais. Gostaria de começar esse capítulo enumerando mais alguns motivos do por quê o modelo de igreja nos lares é uma alternativa bíblica muito válida que pode ser bem efetiva em alcançar o objetivo de fazer discípulos. Contudo, deixe-me afirmar primeiramente que meu objetivo não é atacar igrejas institucionais ou seus pastores. Existem multidões de pastores sinceros de igrejas institucionais que estão fazendo tudo o que podem dentro de suas estruturas para agradar ao Senhor. Eu ministro a milhares de pastores institucionais todos os anos, e os amo e estimo muito. Eles estão entre as pessoas mais admiráveis do mundo. E é porque eu sei quão incrivelmente difícil é o seu trabalho que quero apresentar uma alternativa que irá ajudá-los a sofrerem menos casualidades e a serem mais efetivos e felizes ao mesmo tempo. O modelo de igreja nos lares é bíblico e se empresta à formação efetiva de discípulos e à expansão do Reino de Deus. Tenho quase certeza que a grande maioria de pastores institucionais seria muito mais feliz, eficaz e realizada se ministrasse em igrejas nos lares.

Fui pastor institucional por mais de vinte anos e fiz o meu melhor com o que sabia. Mas foi só depois de muitos meses visitando várias igrejas aos domingos de manhã que tive o primeiro vislumbre do que é ir à igreja como um mero “leigo.” Isso abriu meus olhos, e comecei a entender porque tantas pessoas são tão desanimadas para ir à igreja. Como quase todo mundo, menos o pastor, eu ficava lá sentado educadamente esperando o culto acabar. Quando acabava eu podia pelo menos interagir com outros como participante ao invés de como um espectador entediado. Essa experiência foi um entre vários catalisadores que me fizeram pensar em uma alternativa melhor, e comecei minha pesquisa no modelo de igrejas nos lares. Fiquei surpreso ao descobrir que existem milhões de igrejas nos lares por todo o mundo e concluí que elas têm algumas boas vantagens sobre igrejas institucionais.

Muitos dos pastores que leem esse livro não estão dirigindo uma igreja no lar, e sim uma igreja institucional. Sei que muito do que escrevi pode ser difícil para aceitarem, já que parece tão radical de início. Mas peço que deem um tempo para contemplar o que tenho a dizer, e não espero que concordem com tudo depois de uma noite. É para pastores que tenho escrito, motivado pelo amor por eles e por suas igrejas.

O Único Tipo de Igreja na Bíblia (The Only Kind of Church in the Bible)

Antes de qualquer coisa, igrejas institucionais que se reúnem em prédios especiais não são encontradas no Novo Testamento, uma vez que igreja nos lares era claramente a norma da igreja primitiva:

Percebendo isso, ele se dirigiu à casa de Maria, mãe de João, também chamado Marcos, onde muita gente se havia reunido e estava orando (At. 12:12, ênfase adicionada).

…não deixei de pregar-lhes nada que fosse proveitoso, mas ensinei-lhes tudo publicamente [e não em prédios de igrejas, obviamente] e de casa em casa…(At. 20:20, ênfase adicionada)

Saúdem Priscila e Áqüila…Saúdem também a igreja que se reúne na casa deles (Rm. 16:3-5, ênfase adicionada; veja também Romanos 16:14-15 para menção de outras duas prováveis igrejas em lares em Roma).

As igrejas da província da Ásia enviam-lhe saudações. Áqüila e Priscila os saúdam afetuosamente no Senhor, e também a igreja que se reúne na casa deles (1 Co. 16:19, ênfase adicionada).

Saúdem os irmãos de Laodiceia, bem como Ninfa e a igreja que se reúne em sua casa (Cl. 4:15, ênfase adicionada).

Á irmã Áfia, a Arquipo, nosso companheiro de lutas, e à igreja que se reúne com você em sua casa…(Fm. 1:2, ênfase adicionada).

Tem sido argumentado que o único motivo da igreja primitiva não ter construído prédios é porque ainda estava na sua infância. Mas essa infância durou um bom número de décadas de história registrada no Novo Testamento (e mais dois séculos depois disso). Então, se a construção de prédios é sinal de maturidade da igreja, a igreja dos apóstolos, sobre as quais lemos no livro de Atos, nunca amadureceu.

Sugiro que a razão pela qual nenhum dos apóstolos construiu prédio é porque tal coisa seria, no mínimo, considerada fora da vontade de Deus, já que Jesus não deixou tal exemplo ou instrução. Ele fez discípulos sem prédios especiais e disse aos Seus discípulos para fazerem discípulos. Eles não viram necessidade alguma de prédios especiais. É simples assim. Quando Jesus disse aos Seus discípulos para irem a todo o mundo e fazer discípulos, eles não pensaram: “O que Jesus quer que façamos é construir prédios, onde pregaremos para as pessoas uma vez por semana.”

Além disso, a construção de prédios especiais poderia até ser considerada uma violação direta do mandamento de Cristo de não acumular tesouros na terra, gastando dinheiro em algo completamente desnecessário, e roubando recursos do Reino de Deus que poderiam ter sido usados para o ministério de transformação.

Mordomia Bíblica (Biblical Stewardship)

Isso nos leva à segunda vantagem que igrejas nos lares tem sobre igrejas institucionais: o modelo de igreja no lar promove a mordomia total dos recursos de seus membros, que certamente é um aspecto extremamente importante do discipulado.[1] Nenhum dinheiro é gasto na construção, compra, aluguel, reforma, expansão, reparo, aquecimento ou refrigeração de prédios. Consequentemente, o que seria gasto nos prédios pode ser usado para alimentar e vestir os pobres, espalhar o evangelho e fazer discípulos, assim como no livro de Atos. Pense no bem que poderia ser feito pelo Reino de Deus se os bilhões de dólares gastos em prédios de igrejas tivessem sido usados para espalhar o evangelho e servir aos pobres. É quase inimaginável!

Mais adiante, igrejas nos lares que consistem de não mais de vinte pessoas poderiam ser dirigidas por diáconos/pastores/bispos “fazedores de tendas” (ou seja, “não pagos”), uma possibilidade real quando existe um bom número de crentes maduros na igreja no lar. Tais igrejas praticamente não requereriam dinheiro para funcionar.

É claro, a Bíblia parece indicar que os diáconos/pastores/bispos devem ser pagos em proporção ao seu trabalho, então aqueles que dedicam todo o seu tempo ao ministério devem receber por tempo integral (veja 1 Tm. 5:17-18). Dez assalariados que dizimam em uma igreja no lar podem sustentar um pastor com um padrão médio. Cinco dizimistas em uma igreja no lar podem custear um pastor para dedicar metade de sua semana de trabalho para o ministério.

Seguindo o modelo de igrejas nos lares, o dinheiro que seria usado em prédios é liberado para sustentar pastores, e assim os pastores institucionais não devem pensar que a proliferação de igrejas nos lares ameaça a segurança de seu trabalho. Ao invés disso, significa que muitos outros homens e mulheres podem realizar o desejo que Deus tem colocado em seus corações de servi-Lo no ministério vocacional.[2] Isso, por sua vez, ajudaria a alcançar o alvo de fazer discípulos. Mais adiante, uma igreja no lar com vinte dizimistas poderia, potencialmente, dar metade de seu dinheiro para missões e para os pobres.[3]

Se uma igreja institucional se transformasse em uma rede de igrejas nos lares, as pessoas que poderiam perder seus trabalhos pagos seriam o corpo administrativo e a equipe de suporte aos programas e talvez alguns membros de equipes com ministérios especiais (por exemplo o ministério de crianças e o de jovens em igrejas maiores) que não estivessem dispostos a trocar esses ministérios, que têm pouca base bíblica, por ministérios que têm. Igrejas nos lares não precisam de ministérios infantil e jovem, pois a Bíblia dá essa responsabilidade aos pais, e as pessoas em igrejas nos lares geralmente se esforçam para seguir a Bíblia ao invés das normas do cristianismo cultural. Jovens crentes que não tem pais crentes podem ser incorporados a igrejas nos lares e discipulados assim como são incorporados em igrejas institucionais. Será que alguém se pergunta por que o Novo Testamento não menciona “pastores de jovens” ou “pastores de crianças?” Tais ministérios não existiram pelos primeiros 1900 anos de cristianismo. Por que eles são repentinamente essenciais agora, e principalmente em paises ocidentais ricos?[4]

Finalmente, nas nações mais pobres em particular, os pastores veem que é impossível alugar ou possuir prédios sem serem ajudados por cristãos ocidentais. As consequências não desejáveis dessa dependência são várias. Contudo, o fato é que por 300 anos esse problema não existiu no cristianismo. Se você é pastor de uma congregação que não pode ter um prédio, em uma nação em desenvolvimento, não precisa bajular um visitante americano na esperança de descobrir ouro. Deus já resolveu seu problema. Você não precisa de um prédio para fazer discípulos com sucesso. Siga o modelo bíblico.

O Fim de Famílias Fragmentadas (The End of Fragmented Families)

Outra vantagem de igrejas nos lares é esta: elas se sobressaem em discipular crianças e adolescentes. Uma das maiores traições cometidas pelas igrejas institucionais hoje (especialmente as grandes nos Estados Unidos) é que providenciam ministérios maravilhosos para crianças e jovens. Mesmo assim, escondem o fato que a grande maioria das crianças que experimentam anos de diversão indo aos seus programas empolgantes para crianças e jovens, nunca volta à igreja depois de “sair do ninho.” (Pergunte a qualquer pastor de jovens pelas estatísticas — ele deve conhecê-las.)

Adicionalmente, igrejas que têm pastores de jovens e pastores de crianças promovem uma artificialidade para os pais, dizendo que não são capazes ou não são responsáveis pelo treinamento espiritual de seus filhos. Novamente, “Nós tomaremos conta do treinamento espiritual de seus filhos. Nós somos os profissionais treinados.”

O sistema como está cria o fracasso, pois cria um ciclo cada vez maior de compromisso. Ele começa com pais que estão procurando por igrejas que seus filhos gostem. Se o adolescente “Joãozinho” diz, na ida para casa, que se divertiu na igreja, os pais ficam emocionados, porque igualam o “Joãozinho” se divertir na igreja com o “Joãozinho” estar interessado em coisas espirituais. Muitas vezes estão muito errados.

Pastores titulares dirigidos pelo sucesso querem que suas igrejas cresçam; então, pastores de crianças e jovens saem das reuniões sentindo-se pressionados a criarem programas “relevantes” e que as crianças achem divertidos. (“Relevante” é sempre secundário a “divertido,” e “relevante” não significa necessariamente, “leve as crianças a se arrependerem, acreditarem e obedecerem aos mandamentos de Jesus.”) Se as crianças gostarem do programa, pais ingênuos retornarão (com seu dinheiro), e a igreja crescerá.

O sucesso dos cultos de jovens em particular, é medido pelo número de comparecimento. Pastores de jovens fazem de tudo para lotar o lugar, e isso também significa muitas vezes comprometer a espiritualidade genuína. Tenha pena do pastor que ouve relatórios de que pais estão reclamando para o pastor titular que seus filhos não estão gostando de seus sermões chatos e condenatórios.

Mas que bênção os pastores de jovens poderiam ser no corpo de Cristo se eles se tornassem líderes de igrejas nos lares. Normalmente, eles já têm uma ótima habilidade relacional, possuem zelo jovial e nenhuma falta de energia. Muitos só são pastores de jovens porque esse é o primeiro passo requerido para gradualmente adquirirem as habilidades super-humanas requeridas para a sobrevivência de serem pastores titulares. A maioria é mais que capaz de pastorear uma igreja. O que eles têm feito no culto de jovens pode bem ser mais perto do modelo bíblico da igreja do que o que está acontecendo no santuário principal! O mesmo pode ser dito de pastores de crianças, que podem estar milhas a frente da maioria de pastores titulares em serem capazes de servir em igrejas nos lares, onde todos, incluindo as crianças, se sentam em um pequeno círculo, participando e até comendo juntos.

Crianças e adolescentes são naturalmente melhor discipulados em igrejas nos lares, já que experimentam a verdadeira comunidade cristã e têm oportunidades de participar, fazer perguntas e se relacionar com pessoas de outras idades, tudo como parte da família cristã. Em igrejas institucionais eles são continuamente expostos a grandes shows e a aprendizados “divertidos,” experimentam muito pouca da verdadeira comunhão, são várias vezes conscientizados da hipocrisia impregnada, e assim como na escola, só aprendem a se relacionar com seus amigos.

Mas em reuniões de todas as idades, o que acontece com os bebês que choram ou criancinhas que não conseguem ficar quietas?

Eles sempre devem ser aproveitados, e passos práticos podem ser tomados para cuidar deles quando problemas surgirem. Podem, por exemplo, ser levados para outra sala para serem entretidos, ou desenhar com lápis e giz de cera sentados no chão. Na comunidade de uma igreja no lar, os bebês e crianças não são problemas que devem ser deixados no berçário cuidados por estranhos. Eles são amados por todos em sua grande família. Um bebê que começa a chorar em uma igreja institucional é quase sempre um incomodo para a formalidade do culto e uma vergonha para os pais, que podem sentir os olhares de reprovação de estranhos. Um bebê que começa a chorar em uma igreja no lar está cercado por sua família, e ninguém se importa com isso, pois é um lembrete que um dom de Deus está em seu meio, uma criança que todos seguram no colo.

Pais que tem filhos descontrolados podem ser gentilmente ensinados por outros pais sobre o que precisam saber. Novamente, crentes têm relacionamentos bondosos e genuínos. Eles não estão fofocando uns sobre os outros como é tantas vezes o caso em uma igreja institucional. Eles se conhecem e se amam.

Pastores Felizes (Happy Pastors)

Depois de ter pastoreado igrejas por duas décadas, falado a dezenas de milhares de pastores ao redor do mundo e ter muitos pastores como amigos pessoais, acho que posso dizer que sei algo sobre as demandas de pastorear uma igreja moderna. Como todo pastor de igreja institucional, experimentei o “lado negro” do ministério. E pode ser bem negro às vezes. De fato, brutal pode ser uma palavra melhor para descrevê-lo.

As expectativas que a maioria dos pastores encontra, criam naturalmente estresses horríveis que às vezes arruínam relacionamentos dentro de suas próprias famílias. Pastores são desencorajados por vários motivos. Eles devem ser políticos, juízes, empregadores, psicólogos, diretores de atividades, mestres-de-obras, conselheiros matrimoniais, pregadores públicos, gerentes, leitores de mentes e administradores. Muitas vezes se encontram em competição acirrada com outros pastores para ganhar uma fatia maior do corpo de Cristo. Eles têm pouco tempo para a disciplina espiritual pessoal. Muitos se sentem presos em seus ministérios e são mal pagos. Suas congregações são seus clientes e seus patrões. Algumas vezes esses patrões e clientes podem dificultar bastante a vida.

Em comparação, é mais fácil para o pastor da igreja no lar. Primeiro, se ele leva uma vida exemplar de verdadeiro discípulo e ensina obediência inflexível aos mandamentos de Jesus, poucos bodes terão interesse em fazer parte desse grupo. Na verdade, o fato de se reunirem em casas é provavelmente o suficiente para mantê-las longe. Então, ele terá, em sua maioria, ovelhas para pastorear.

Segundo, ele pode amar e discipular todas as suas ovelhas em uma base pessoal, pois só tem de doze a vinte adultos para liderar. Ele pode desfrutar de uma proximidade real com eles, já que é como o pai de uma família. Pode dar a eles o tempo que merecem. Lembro de quando era pastor institucional. Sentia-me sozinho frequentemente. Não podia me aproximar de ninguém em minha congregação, para que os outros não ficassem ressentidos por não os incluir em meu círculo fechado de amigos ou não ficassem com inveja daqueles dentro desse círculo. Eu ansiava pela proximidade genuína com outros crentes, mas não arriscava o preço em potencial de ganhar verdadeiros amigos.

Na família unida da igreja no lar, os membros naturalmente ajudam a manter o pastor responsável, já que ele é um amigo íntimo e não um ator no palco.

O pastor de igrejas nos lares pode gastar tempo formando líderes de futuras igrejas nos lares, para que quando chegue a hora de multiplicar, os líderes estejam prontos. Ele não precisa assistir seus futuros líderes mais promissores levarem seus dons da igreja para uma escola bíblica em outro lugar.

Ele também pode ter tempo para desenvolver outro ministério fora de sua congregação local. Talvez possa ministrar em prisões, asilos ou se envolver em evangelismo um a um com refugiados ou empresários. Dependendo de sua experiência, pode dedicar parte de seu tempo para o plantio de mais igrejas nos lares, ou ser mentor de outros jovens pastores de igrejas nos lares que cresceram debaixo de seu ministério.

Ele não sente a pressão de ser um artista no domingo de manhã. Nunca precisa preparar um sermão com três pontos em um sábado à noite, se perguntando como é possível que ele satisfaça tantas pessoas que estão em tantos níveis de crescimento espiritual diferentes.[5] Ele pode se encantar vendo o Espírito Santo usar a todos nas reuniões e encorajá-los a usar seus dons. Pode faltar às reuniões e tudo correr bem, mesmo sem ele.

Ele não tem um prédio para distraí-lo e nem empregados para gerenciar.

Não tem motivo para competir com outros pastores locais.

Não existe “liderança da igreja” para fazer sua vida miserável e pela qual discussões políticas se tornam comuns.

Resumindo, ele pode ser o que foi chamado por Deus para ser, e não o que foi imposto sobre ele pelo cristianismo cultural. Ele não é o ator principal, o presidente da companhia ou o centro do centro. É um fazedor de discípulos, alguém que equipa os santos.

Ovelhas Felizes (Happy Sheep)

Tudo na bíblica e verdadeira igreja nos lares é o que verdadeiros crentes desejam e desfrutam.

Todos verdadeiros crentes anseiam por relacionamentos genuínos com outros crentes, porque o amor de Deus foi esparramado em seus corações. Tais relacionamentos são parte da vida da igreja nos lares. É ao que a Bíblia se refere de comunhão, o compartilhamento genuíno de uma vida com outros irmãos e irmãs. Igrejas nos lares criam um ambiente onde crentes podem fazer o que devem fazer, que é encontrado nas muitas passagens “uns aos outros” do Novo Testamento. No ambiente de igrejas nos lares, crentes podem exortar, encorajar, edificar, confortar, ensinar, servir e orar uns pelos outros.

Eles podem levar uns aos outros a amar e fazer as boas obras, confessar seus pecados uns aos outros, levar o fardo de outros e admoestar uns aos outros com salmos, hinos e cânticos. Eles podem chorar com aqueles que choram e se alegrar com aqueles que se alegram. Essas coisas não acontecem com muita frequência nos cultos de domingo de manhã nas igrejas institucionais, onde os crentes se sentam e assistem. Como um membro de igreja no lar me disse, “Quando alguém está doente em nosso corpo, eu não levo uma refeição para um estranho porque escolhi o ‘ministério de refeições.’ Naturalmente, levo uma refeição para alguém que conheço e amo.”

Verdadeiros crentes gostam de interagir e se envolver uns com os outros. Sentar passivamente e ouvir a sermões irrelevantes ou redundantes ano após ano insulta sua inteligência e espiritualidade. Eles preferem ter a oportunidade de compartilhar seu ponto de vista a respeito de Deus e Sua Palavra, e igrejas nos lares dão essa oportunidade. Seguindo um modelo bíblico ao invés de um cultural, cada pessoa “tem um salmo ou uma palavra de instrução, uma revelação, uma palavra, uma língua ou uma interpretação” (1 Co. 14:26). Em igrejas nos lares ninguém fica perdido na multidão ou excluído por uma panelinha na igreja.

Verdadeiros crentes desejam ser usados por Deus em serviço. Em uma igreja no lar, há oportunidade para todos serem usados para abençoar outros, e responsabilidades são divididas entre todos, para que ninguém experiencie o esgotamento que é comum entre membros comprometidos de igrejas institucionais. No mínimo, todos podem trazer comida para uma refeição comum, o que as Escrituras se referem como “festas de fraternidade” (Jd. 1:12). Para muitas igrejas nos lares, essa refeição segue o exemplo da ceia original, que era parte da refeição de Páscoa. A ceia não é, como um garotinho a chamou em uma igreja institucional que pastoreei, “o lanche santo de Deus.” A ideia de comer um pãozinho e beber um pouco de suco com estranhos durante alguns segundos em um culto é completamente estranha à Bíblia e às igrejas nos lares. O significado sacramental da ceia é ressaltado durante uma refeição compartilhada entre discípulos que se amam.

Em uma igreja no lar, o louvor é simples, sincero e participativo, não uma apresentação. Verdadeiros crentes amam adorar a Deus em espírito e em verdade.

Balanço Doutrinário e Tolerância (Doctrinal Balance and Toleration)

Em fóruns abertos e casuais de pequenas reuniões de igreja, todos ensinamentos podem ser examinados por qualquer um que possa ler. Irmãos e irmãs que se conhecem e se amam estão inclinados a considerar pontos de vista que diferem dos deles respeitosamente, e mesmo que o grupo não chegue a um consenso, o amor, e não a doutrina, os mantêm unidos. Qualquer ensinamento por qualquer pessoa no grupo, incluindo diáconos/pastores/bispos, está sujeito à examinação amorosa por qualquer outra pessoa, pois o Mestre mora em cada membro (veja 1 Jo. 2:27). As checagens e balanceamento do modelo bíblico ajudam a prevenir o desvio doutrinário.

Esse é um bom contraste da norma em igrejas institucionais modernas, onde a doutrina da igreja é estabelecida desde o início e não pode ser desafiada. Consequentemente, más doutrinas permanecem por tempo indeterminado e a doutrina se torna o teste de tornassol de aceitação. Por essa mesma razão, um ponto em um único sermão pode resultar no êxodo imediato de dissidentes que pulam do barco para temporariamente encontrar alguns “crentes com as mesmas ideias.” Eles sabem que não faz sentido em mesmo conversar com o pastor sobre seus desacordos doutrinários. Mesmo que ele seja convencido a mudar seu ponto de vista, ele teria que escondê-lo de muitos na igreja assim como dos maiorais de sua denominação. Diferenças doutrinárias dentro de igrejas institucionais produzem pastores que são alguns dos políticos mais hábeis do mundo, oradores que falam em vagas generalidades e evitam qualquer coisa que resulte em controvérsias, levando todos a crer que ele está do seu lado.

Uma Tendência Moderna (A Modern Trend)

É interessante que cada vez mais igrejas institucionais desenvolvem pequenos grupos estruturais dentro de seus modelos institucionais, reconhecendo seu valor no discipulado. Algumas igrejas vão mais além, tendo como base de sua estrutura central, pequenos grupos, considerando-os como o aspecto mais importante de seu ministério. “Reuniões festivas” maiores são de segunda importância para os pequenos grupos (pelo menos em teoria).

Esses são passos na direção certa, e Deus os abençoa já que Suas bênçãos sobre nós são proporcionais a nossa obediência a Sua vontade. De fato, “igrejas célula” são melhores estruturadas que igrejas institucionais padrões, para facilitar a formação de discípulos. Elas ficam entre o modelo de igreja institucionais e o modelo de igrejas nos lares, combinando elementos de ambos.

Como igrejas institucionais modernas com pequenos grupos se comparam a igrejas nos lares modernas e antigas? Existem algumas diferenças.

Por exemplo, infelizmente, às vezes pequenos grupos em igrejas institucionais servem para promover muitas coisas erradas dentro das igrejas, especialmente quando a verdadeira razão no começo de pequenos grupos é construir o reino da igreja do pastor titular. Ele consequentemente usa pessoas a sua própria vontade, e pequenos grupos se encaixam bem nesse plano. Quando isso ocorre, líderes de pequenos grupos são selecionados por sua lealdade à igreja mãe, e não podem ter muitos dons ou ser muito carismáticos, se não o diabo enche suas cabeças de ideias que poderão adotar como sendo deles. Esse tipo de política prejudica a eficiência de pequenos grupos e, assim como qualquer outra igreja institucional, espanta os líderes ascendentes chamados por Deus para escolas bíblicas e seminários, roubando da igreja verdadeiros dons, e levando tais pessoas para lugares onde serão ensinados por palestras ao invés de discipulados no trabalho.

Pequenos grupos em igrejas institucionais várias vezes viram pouco mais que simples grupos de comunhão. A formação de discípulos não acontece. Já que supostamente as pessoas estão sendo alimentadas no domingo de manhã, os pequenos grupos às vezes focam em outras coisas além da Palavra de Deus, não querendo uma repetição dos domingos de manhã.

Pequenos grupos em igreja institucionais são geralmente organizados por um membro da liderança da igreja, ao invés de nascidos do Espírito. Eles se tornam mais um dentre os muitos programas da igreja. Pessoas são agrupadas baseadas na idade, status social, interesses, estado marital ou localização geográfica. Bodes são misturados à ovelhas. Toda essa organização mundana não ajuda os crentes a se amarem uns aos outros apesar de suas diferenças. Lembre-se que muitas igrejas primitivas eram uma mistura de judeus e gentios. Eles regularmente compartilhavam refeições, uma coisa proibida pela tradição judaica. Que experiência de aprendizado suas reuniões devem ter sido! Que oportunidades para andar em amor! Que testemunhos do poder do evangelho! Então, por que pensamos que precisamos dividir todos em grupos homogêneos para garantir o sucesso de pequenos grupos?

Igrejas institucionais com pequenos grupos ainda têm performances de domingo de manhã, onde espectadores assistem à atuação de profissionais. Pequenos grupos não são permitidos se reunir quando cultos “de verdade” estão acontecendo, indicando a todos que os cultos institucionais são mais importantes. Por causa dessa mensagem, muitos, se não a maioria, dos presentes no domingo de manhã não se envolvem com um pequeno grupo mesmo se encorajado a fazê-lo, já que o veem como opcional. Eles estão satisfeitos pelo fato de estarem indo ao culto semanal mais importante. Então, o conceito de pequenos grupos pode ser promovido, sendo um pouco importante, mas não tão importante quanto o culto institucional de domingo. A melhor oportunidade de real comunhão, discipulado e crescimento espiritual é efetivamente subestimada. A mensagem errada é enviada. O culto institucional ainda é rei.

Mais Diferenças (More Differences)

Igrejas institucionais com pequenos grupos ainda estão estruturadas como uma pirâmide, onde todos sabem seus lugares na hierarquia. As pessoas no topo podem se chamar “servos líderes,” mas frequentemente estão mais para diretores gerais, pois são responsáveis por fazer decisões executivas. Quanto maior é a igreja, maior é a distância entre o pastor e os membros de seu rebanho. Se ele for um pastor de verdade e você puder fazê-lo admitir a verdade quando baixar a guarda, ele provavelmente te dirá que era mais feliz quando pastoreava um rebanho menor.

Similarmente, igrejas institucionais com pequenos grupos ainda promovem a divisão de laicidade sarcedotal. Líderes de pequenos grupos estão sempre em uma classe subordinada aos profissionais pagos. Lições de estudos bíblicos são frequentemente entregues ou aprovadas pelo clero, já que líderes de pequenos grupos não podem ser portadores de muita autoridade. Pequenos grupos não podem realizar ceia ou batismo. Essas tarefas sagradas são reservadas para a elite com os títulos e diplomas. Aqueles que são chamados para o ministério vocacional dentro do corpo devem ir a uma escola bíblica ou seminário para ser qualificado para o ministério “de verdade” e se juntar à elite.

Pequenos grupos em igrejas institucionais são às vezes nada mais que mini cultos, que não duram mais que 60 a 90 minutos, onde uma pessoa dotada dirige o louvor e outra dá a lição aprovada. Há pouco espaço para o Espírito usar outros, distribuir dons ou desenvolver ministros.

Ás vezes, as pessoas não estão seriamente comprometidas com os pequenos grupos em igrejas institucionais, aparecendo esporadicamente, e os grupos são designados para serem temporários, então, a profundidade da comunidade é menor que em igrejas nos lares.

Pequenos grupos em igrejas institucionais se reúnem geralmente durante a semana para não encher o fim de semana com mais uma reunião. Consequentemente, um pequeno grupo que se reúne no meio da semana é normalmente limitado quanto ao tempo, tendo não mais que duas horas para aqueles que podem comparecer e “proibido” para aqueles que têm filhos que vão para a escola ou moram longe.

Mesmo quando igrejas institucionais promovem o ministério de pequenos grupos, ainda há um prédio para gastar dinheiro. De fato, se o programa de pequenos grupos adiciona pessoas à igreja, ainda mais dinheiro é gasto em programações no prédio. Continuando, pequenos grupos organizados dentro de igrejas institucionais, várias vezes requerem pelo menos um líder pago. Isso significa mais dinheiro para mais um programa de igreja.

Talvez, o pior de tudo, seja que pastores de igrejas institucionais com pequenos grupos são muito limitados na formação de discípulos pessoais. Eles ficam tão ocupados com suas muitas responsabilidades que encontram pouco tempo com o discipulado um a um. O mais próximo que podem chegar é discipular um pequeno grupo de líderes, mas mesmo isso é limitado a uma reunião por mês.

Tudo isso é para dizer que, na minha opinião, igrejas nos lares são mais bíblicas e efetivas na formação e multiplicação de discípulos e discipuladores. Contudo, eu sei que minha opinião não vai mudar centenas de anos de tradição da igreja muito rápido. Então, eu encorajo pastores institucionais a fazerem algo na direção de mover suas igrejas a um modelo mais bíblico de formação de discípulos.[6] Eles podem considerar discipular pessoalmente futuros líderes ou iniciar o ministério de pequenos grupos. Podem ter um “domingo da igreja primitiva,” onde o prédio da igreja fica fechado, todos compartilham uma refeição nas casas e tentam se reunir como os cristão se reuniam pelos primeiros três séculos.

Pastores que têm pequenos grupos em suas igrejas poderiam considerar a liberação de alguns desses grupos para formar igrejas nos lares e ver o que acontece. Se pequenos grupos são saudáveis e liderados por pastores/diáconos/bispos liderados por Deus, eles devem ser capazes de operar sozinhos. Não precisam da igreja mãe mais que qualquer jovem igreja não organizada precisa da igreja mãe. Por que não os liberar?[7] O dinheiro do membro que está indo para a igreja mãe pode manter o pastor da igreja no lar.

O meu endosso de igrejas nos lares significa que não há nada bom nas igrejas institucionais? É claro que não! Quando vemos que discípulos que obedecem a Cristo estão sendo formados em igrejas institucionais, elas devem elogiadas. Suas práticas e estrutura, contudo, podem sim, estar prejudicando mais que ajudando a alcançar o alvo que Cristo colocou diante de nós, e são frequentemente assassinos de pastores.

O que Acontece em Reuniões de Igrejas nos Lares? (What Happens at a House Church Gathering?)

As igrejas nos lares não precisam ser todas estruturadas igualmente, há espaço para bastante variação. Cada igreja no lar deve refletir sua própria cultura e pequenas diferenças sociais — uma razão das igrejas nos lares serem tão efetivas no evangelismo, especialmente em países que não têm uma tradição cultural cristã. Membros de igrejas nos lares não convidam seus vizinhos para irem a um prédio de igreja que lhes é completamente estranho onde seriam envolvidos em rituais totalmente desconhecidos — enormes obstáculos para conversas. Ao invés disso, convidam seus vizinhos para uma refeição com seus amigos.

A refeição comum é geralmente um dos componentes mais importantes em uma igreja no lar. Para muitas igrejas essa refeição inclui ou é a ceia, e cada igreja no lar pode decidir como melhor trazer seu significado espiritual. Como previamente mencionado, a ceia original começou como uma refeição da Páscoa que era cheia de significado espiritual. A celebração da ceia como uma refeição ou parte de uma refeição é o padrão aparentemente seguido pelos primeiros crentes. Lemos sobre os primeiros cristãos:

Eles se dedicavam ao ensino dos apóstolos e à comunhão, ao partir do pão e às orações…Todos os dias, continuavam a reunir-se no pátio do templo. Partiam o pão em suas casas, e juntos participavam das refeições, com alegria e sinceridade de coração (At. 2:42,46, ênfase adicionada).

Os primeiros cristãos estavam literalmente pegando, dividindo e compartilhando os pães, uma coisa que era feita praticamente em todas as refeições em sua cultura. Será que o partir do pão tinha algum significado espiritual para os primeiros cristãos? A Bíblia não diz com clareza. Contudo, William Barclay escreveu em seu livro The Lord´s Supper (A Ceia do Senhor) *, “Não há dúvidas que a ceia começou como uma refeição familiar ou uma refeição de amigos em uma casa…A ideia de um pedacinho de pão e um pequeno gole de vinho não tem relação alguma com a ceia original…A ceia era originalmente uma refeição familiar na casa de amigos.” É incrível que todos os eruditos modernos concordem com Barclay, mesmo assim, a igreja ainda segue a tradição ao invés da Palavra de Deus a esse respeito!

Jesus ordenou a Seus discípulos que ensinassem seus discípulos a obedecerem a tudo o que Ele lhes tinha ordenado. Portanto, quando Ele ordenou que Seus discípulos comessem pão e bebessem vinho juntos em memória dEle, eles teriam ensinado seus discípulos a fazerem o mesmo. Isso poderia ser feito em refeições comuns? Com certeza, parece que é assim que era feito quando lemos algumas das palavras de Paulo aos coríntios:

Quando vocês se reúnem [e ele não está falando de reuniões em prédios de igrejas, porque estes não existiam] não é para comer a ceia do Senhor, porque cada um come sua própria ceia sem esperar pelos outros. Assim enquanto um fica com fome, outro se embriaga (1 Co. 11:20-21, ênfase adicionada).

Como essas palavras fariam sentido se Paulo estivesse falando sobre a ceia como é praticada em igrejas modernas? Você já ouviu do problema de alguém em um culto de igreja moderna que comeu sua própria ceia primeiro e de outro que ficou com fome enquanto outro ficou embriagado durante a ceia do Senhor? Tais palavras só fariam sentido se a ceia fosse realizada juntamente com a refeição. Paulo continua:

Será que vocês não têm casa onde comer e beber? Ou desprezam a igreja de Deus [lembrem-se, Paulo não estava falando de um prédio, mas de uma reunião de pessoas, a igreja de Deus] e humilham os que nada têm? Que lhes direi? Eu os elogiarei por isso? Certamente que não (1 Co. 11:22)!

Como pessoas que nada têm ficariam envergonhadas se o que fosse feito não estivesse no contexto de uma refeição? Paulo estava apontando para o fato de que alguns coríntios que chegavam mais cedo nas reuniões comiam suas próprias comidas sem esperar pelos outros. Quando alguns chegavam, que talvez fossem tão pobres que não levavam comida para compartilhar na refeição, eles ficavam com fome, como também envergonhados já que era tão óbvio que não tinham levado nada.

Imediatamente depois disso, Paulo escreveu sobre a ceia, um sacramento que recebeu “do Senhor” (1 Co. 11:23), e recontou o que aconteceu na primeira ceia (veja 1 Co. 11:24-25). Então ele advertiu os coríntios contra tomar a ceia de maneira indigna, dizendo que se não se examinassem, iriam comer e beber para sua própria condenação em forma de fraqueza, doença e morte prematura (veja 1 Co. 11:26-32).

Então, ele concluiu,

Portanto, meus irmãos, quando vocês se reunirem para comer, esperem uns pelos outros. Se alguém estiver com fome, come em casa, para que, quando vocês se reunirem, isso não resulte em condenação (1 Co. 11:33-34).

No contexto, a ofensa sendo cometida na ceia era em consideração a outros crentes. Paulo novamente advertiu que os que estavam comendo sua própria ceia primeiro ao invés de dividir na refeição, corriam perigo de serem julgados (ou disciplinados) por Deus. A solução era simples. Se alguém estivesse com tanta fome que não pudesse esperar pelos outros, ele deveria comer alguma coisa antes de ir à reunião. E aqueles que chegassem mais cedo deveriam esperar por aqueles que chegassem mais tarde para a refeição, uma refeição que, aparentemente, incluía a ceia.

Quando olhamos para a passagem inteira, parece claro que Paulo estava dizendo que se fosse a ceia do Senhor que estivesse sendo comida, ela teria que ser feita de um modo que fosse agradável ao Senhor, mostrando amor e consideração uns para com os outros.

De qualquer modo, é claro como cristal que a igreja primitiva praticava a ceia como parte de uma refeição comum em casas sem um clero oficial. Por que nós não?

Pão e Vinho (Bread and Wine)

A natureza dos elementos da ceia do Senhor não é a coisa mais importante. Se nós precisamos nos esforçar para imitar a ceia original, teríamos que saber quais eram os ingredientes exatos do pão e o tipo exato de uvas do qual o vinho original era feito. (Durante os primeiros séculos alguns pais da igreja prescreveram estritamente que o vinho tinha que ser diluído em água, caso contrário a comunhão estaria sendo praticada impropriamente.)

Pão e vinho eram alguns dos elementos mais comuns das refeições judias antigas. Jesus deu significância a duas coisas que eram incrivelmente comuns, comidas que praticamente todos consumiam todos os dias. Se Ele tivesse visitado outra cultura em outro tempo da história, a primeira ceia poderia ter sido constituída de queijo e leite de cabra, ou bolo de arroz e suco de abacaxi. Então, qualquer comida e bebida poderiam representar Seu corpo e sangue em uma refeição compartilhada entre Seus discípulos. A coisa mais importante é o significado espiritual. Não vamos nos esquecer do espírito da lei enquanto tentamos obedecer suas palavras!

Não é necessário que uma refeição comum seja solene. Os primeiros cristãos, como já lemos, “Partiam o pão em suas casas…e juntos participavam das refeições, com alegria e sinceridade de coração” (At. 2:46, ênfase adicionada). Contudo, seriedade com certeza é apropriada durante a parte da refeição em que o sacrifício de Jesus é lembrado e os elementos consumidos. Autoavaliação é sempre apropriada antes de comer a ceia, como indicado pelas solenes palavras de advertência de Paulo à igreja de Corinto em 1 Coríntios 11:17-34. Qualquer transgressão do mandamento de Cristo de amar uns aos outros é um convite à disciplina de Deus. Todo e qualquer conflito e divisão deve ser resolvido antes da refeição. Todos os cristãos devem se examinar e confessar qualquer pecado, que seria o equivalente a “examine-se cada um a si mesmo,” usando as palavras de Paulo.

O Espírito Manifestado pelo Corpo (The Spirit Manifested Through the Body)

A refeição pode acontecer antes ou depois de uma reunião onde louvor, ensinos e dons espirituais são compartilhados. Cada igreja no lar deve determinar seu formato, e formatos podem variar de reunião para reunião da mesma igreja no lar.

As Escrituras deixam bem claro que as reuniões da igreja primitiva eram bem diferentes dos cultos de igrejas institucionais. 1 Coríntios 11-14, em particular, nos dá uma abundância de detalhes sobre o que acontecia quando a igreja primitiva se reunia, e não há razão para pensar que o mesmo formato não pode e não deve ser seguido hoje. Também é claro que o que acontecia nas reuniões da igreja que Paulo descreveu, só poderia acontecer em pequenos grupos. O que Paulo descreveu, logicamente, não podia ter acontecido em uma reunião grande.

Eu serei o primeiro a admitir que não entendo tudo o que Paulo escreveu dentro daqueles quatro capítulos de 1 Coríntios. Contudo, parece óbvio que a característica mais saliente das reuniões descritas em 1 Coríntios 11-14 era a presença do Espírito Santo entre eles e Sua manifestação nos membros do corpo. Ele deu dons a indivíduos para a edificação do corpo inteiro.

Paulo cita no mínimo nove dons espirituais: revelação, línguas, interpretação de línguas, palavra de instrução, palavra de sabedoria, discernimento de espíritos, dons de cura, fé e milagres. Ele não fala que todos esses dons eram manifestados em todas as reuniões, mas com certeza indica a possibilidade de suas operações e parece resumir algumas das manifestações do Espírito mais comuns em 1 Coríntios 14:26:

Portanto, que diremos irmãos? Quando vocês se reúnem, cada um de vocês tem um salmo, ou uma palavra de instrução, uma revelação, uma palavra em uma língua ou uma interpretação. Tudo seja feito para a edificação da igreja.

Vamos levar em consideração todas estas cinco manifestações, e em um capítulo mais adiante vamos levar a fundo os nove dons do Espírito listado em 1 Coríntios 12:8-10.

O primeiro da lista é o salmo. Salmos dados pelo Espírito são mencionados por Paulo em duas de suas outras cartas às igrejas, enfatizando sua importância nas reuniões cristãs.

Não se embriaguem com vinho, que leva à libertinagem, mas deixem-se encher pelo Espírito, falando entre si com salmos, hinos e cânticos espirituais, cantando e louvando de coração ao Senhor (Ef. 5:18-19).

Habite ricamente em vocês a palavra de Cristo; ensinem e aconselhem-se uns aos outros com toda a sabedoria, e cantem salmos, hinos e cânticos espirituais com gratidão a Deus em seu coração (Cl. 3:16).

A diferença entre salmos, hinos e cânticos espirituais não é clara, mas o importante é que todos são baseados na Palavra de Deus, são inspirados pelo Espírito, e devem ser entoados pelos salvos para ensinar e advertir uns aos outros. Com certeza, muitos dos hinos e refrões que os salvos têm cantado durante a história da igreja encaixam-se em uma dessas categorias. Infelizmente, muitos hinos e corinhos modernos não têm profundidade bíblica, indicando que não foram dados pelo Espírito, e por serem superficiais, não têm valor real para ensinar e advertir salvos. Mesmo assim, crentes que se reúnem em igrejas nos lares devem esperar que o Espírito vá, não só inspirar membros individuais a conduzir músicas evangélicas conhecidas, novas e velhas, mas também dará músicas especiais para alguns dos membros que poderão ser utilizadas para a edificação de todos. Sem dúvida, quão especial é que igrejas tenham suas próprias músicas dadas pelo Espírito!

Ensino (Teaching)

O segundo dom na lista de Paulo é o ensino. Novamente, isso indica que qualquer um pode compartilhar um ensino inspirado pelo Espírito em uma reunião. É claro que todos os ensinos seriam julgados para ver se são coerentes aos ensinos dos apóstolos (já que todos eram devotados a isso; veja Atos 2:42) e devemos fazer o mesmo hoje. Mas perceba que não há indicação em lugar algum do Novo Testamento de que a mesma pessoa pregava todas as semanas quando a igreja local se reunia, dominando a reunião.

Havia, em Jerusalém, reuniões maiores no Templo onde os apóstolos ensinavam. Sabemos que os anciãos também tinham a responsabilidade do ensino em igrejas, e que algumas pessoas têm um chamado para o ministério de ensino. Paulo ensinou muito, publicamente e de casa em casa (veja Atos 20:20). Mas em pequenas reuniões de salvos o Espírito Santo pode usar outros para ensinar além dos apóstolos, anciãos ou professores.

Quando nos referimos ao ensino, parece que teríamos uma grande vantagem sobre a igreja primitiva, podendo levar cópias pessoais da Bíblia conosco para as nossas reuniões. Por outro lado, talvez o fácil acesso à Bíblia tem nos ajudado a elevar a doutrina acima de amar a Deus com todo o nosso coração e de amar ao nosso próximo como a nós mesmos, nos roubando da vida que a Palavra de Deus devia nos dar. Temos sido doutrinados demais. Muitos pequenos grupos de estudo bíblico têm sido tão irrelevantes e chatos quanto os sermões de domingos de manhã. Uma boa regra para seguirmos a respeito do ensino em igrejas nos lares é esta: Se as crianças maiores não estão escondendo seu tédio, os adultos provavelmente estão escondendo o deles. Crianças são ótimos barômetros da verdade.

Revelação (Revelation)

Terceiro, Paulo lista “revelação.” Isso poderia significar qualquer coisa revelada por Deus a algum membro do corpo. Por exemplo, Paulo menciona especificamente que um ímpio pode visitar uma reunião cristã e ter “os segredos do seu coração…expostos” por meio de dons de profecia. O resultado é que ele seria “convencido” e “julgado” e “se prostrará, rosto em terra, e adorará a Deus exclamando: ‘Deus realmente está entre vocês’”(1 Co. 14:24-25).

Aqui, nós vemos novamente que a presença verdadeira do Espírito Santo era uma característica esperada em reuniões da igreja, e que coisas sobrenaturais aconteceriam por causa de Sua presença. Os primeiros cristãos realmente acreditavam na promessa de Jesus que, “onde se reunirem dois ou três em meu nome, ali estou no meio deles” (Mt. 18:20). Se Jesus em pessoa estava no meio deles, milagres poderiam acontecer. Eles literalmente adoram “pelo Espírito de Deus” (Fp. 3:3).

De qualquer modo, profecias, do qual vou falar mais em breve, podem conter revelações sobre os corações das pessoas. Mas revelações podem ser dadas sobre outras coisas e por outros meios, como por visões ou sonhos (veja At. 2:17).

Línguas e Interprerações (Tongues and Interpretation)

Quarto, Paulo listou dois dons que trabalham juntos: línguas e interpretações de línguas. Em Corinto, havia um excesso de pessoas falando em línguas. Mais especificamente, pessoas estavam falando em línguas durante as reuniões da igreja e não havia interpretação; então, ninguém sabia o que estava sendo dito. Podemos nos perguntar como os coríntios podem ser culpados, já que a culpa parecia ser do Espírito Santo, pois dava dons de línguas para alguns sem dar a outros o dom de interpretação. Há uma resposta muito satisfatória para essa pergunta à qual me reportarei em um capítulo mais adiante. De qualquer modo, Paulo não proibiu falar em línguas (como muitas igrejas institucionais fazem). Ao invés disso, ele proibiu a proibição de falar em línguas, e declarou que esse era o mandamento de Deus (veja 1 Coríntios 14:37-39)![8] Era um dom que, quando usado de forma correta, podia edificar o corpo e afirmar a presença sobrenatural de Deus no meio deles. Era Deus falando pelas pessoas, lembrando-as da Sua verdade e da Sua vontade.

No capítulo 12, Paulo falou sobre a superioridade da profecia sobre o falar em línguas sem interpretação. Ele encorajou os coríntios a desejarem o profetizar, e isso indica que os dons do Espírito são, provavelmente, manifestados entre aqueles que os desejam. Similarmente, Paulo advertiu os salvos de Tessalônica: “Não apaguem o Espírito. Não tratem com desprezo as profecias” (1 Ts. 5:19-20). Isso indica que os salvos podem “apagar” ou “apagar o fogo” do Espírito guardando no coração uma atitude errada em relação ao dom de profecia. É por isso, sem dúvida, que o dom de profecia é manifestado tão raramente entre os crentes de hoje.

Como Começar (How to Start)

Igrejas nos lares nascem do Espírito Santo pelo ministério de um plantador de igrejas nos lares ou de um diácono/pastor/bispo a quem Deus deu uma visão de uma igreja no lar. Mantenha em mente que um diácono/pastor/bispo bíblico pode ser aquele a quem a igreja institucional se refere como sendo um leigo maduro. Nenhum pastor de igreja no lar precisa de uma educação formal de ministério.

Uma vez que a visão de uma igreja no lar é entregue pelo Espírito Santo ao fundador, ele precisa buscar ao Senhor a respeito de outros que possam se juntar a ele. O Senhor o colocará em contato com pessoas com uma visão similar, confirmando o seu chamado. Ou o levará a pecadores receptivos aos quais ele poderá levar à Deus e discipular em uma igreja no lar.

Aqueles que estão começando a aventura da igreja no lar devem antecipar que levará tempo para que os membros se sintam confortáveis uns com os outros e aprendam a se relacionar e fluir com o Espírito. Será um caminho de dificuldades e erros. Os conceitos de participação de todos os membros, liderança bíblica e serva, diáconos ajudantes, liderança e dons do Espírito Santo, a refeição compartilhada e uma atmosfera casual ao mesmo tempo que espiritual é bem estranha para aqueles que só estão familiarizados com cultos institucionais. Portanto, é o sábio uso de graça e paciência quando uma nova igreja no lar nasce. O formato inicial pode ser mais como uma devocional familiar: uma pessoa liderando o louvor, outra compartilhando um ensino preparado e então, encerrando com uma oportunidade de oração em grupos, comunhão e uma refeição. Contudo, enquanto o grupo estuda o formato bíblico de igrejas no lar, o diácono/pastor/ bispo deve encorajar os membros a se esforçarem para se tornarem o melhor para Deus. Então, divirtam-se no passeio!

Igrejas no lar podem mudar da casa de um membro para outro cada semana, ou uma pessoa pode abrir sua casa todas as semanas. Algumas igrejas nos lares ficam ao ar livre ocasionalmente quando o tempo está bom. O horário e local da reunião não precisa ser no domingo de manhã, mas a qualquer hora que ficar melhor para os membros. Finalmente, é melhor começar pequeno; com no máximo doze pessoas.

Como mudar de Instituição para Igreja no Lar (How to Transition from Institution to House Church)

Provavelmente, muitos dos pastores que estão lendo isto estão trabalhando dentro de estruturas de igrejas institucionais, e talvez você, querido leitor, seja um deles. Se eu toquei em sua ferida e se você anseia pelo tipo de igreja que eu tenho descrito, então já deve estar se perguntando como pode fazer a transição. Deixe-me encorajar a não ficar com pressa. Comece ensinando somente a verdade bíblica e fazendo o que puder dentro da moldura de sua estrutura já existente para fazer discípulos que obedeçam aos mandamentos de Jesus. É muito mais provável que verdadeiros discípulos queiram fazer a transição para uma estrutura bíblica quando eles a entendem. Já os bodes e pessoas religiosas, provavelmente resistirão a tais transições.

Segundo, estude o que as Escrituras dizem sobre o assunto e ensine sua congregação sobre estruturas de igrejas nos lares e suas bênçãos herdadas. Você pode, eventualmente, cancelar seu culto de quarta-feira ou de domingo à noite para começar células semanais em casas, lideradas por crentes maduros. Encoraje todos a irem. Cada vez mais, padronize essas reuniões para seguirem o formato do modelo bíblico de igreja nos lares o mais perto possível. Então, dê tempo para que as pessoas comecem a apreciar as bênçãos de seus pequenos grupos.

Uma vez que todos gostem das reuniões, você pode anunciar que um certo domingo do mês que vem será um “Domingo da Igreja Primitiva.” Naquele domingo, o prédio da igreja ficará fechado e todos irão para determinadas casas para se reunirem assim como a Igreja primitiva se reunia, apreciando refeições juntos, a ceia do Senhor, comunhão, oração, louvor, compartilhando ensinamentos e dons espirituais. Se for um sucesso, você pode começar a ter reuniões assim um domingo em cada mês; então, eventualmente dois, e então, três domingos. Depois de um tempo, você pode liberar cada grupo para ser uma igreja no lar independente, livre para crescer e multiplicar, e talvez se reunir para reuniões maiores uma vez a cada dois meses.

Todo esse processo de transição que estou descrevendo pode levar de um a dois anos.

Ou, se você quiser ir com ainda mais cautela, pode começar com somente uma reunião no lar com alguns de seus membros mais interessados liderados por você mesmo. (Novamente, igrejas nos lares não precisam se reunir aos domingos de manhã.) Pode ser apresentado como um experimento e com certeza será uma experiência de aprendizado para todos.

Se der certo, então aponte um líder e libere o grupo para se tornar uma igreja independente que só participará do culto na igreja institucional uma vez por mês. Desse modo a nova igreja ainda faria parte da igreja mãe e não seria vista tão negativamente por aqueles que ainda fazem parte da igreja institucional. Isso também pode ajudar a influenciar outros dentro da igreja a considerar fazer parte de outra igreja no lar sendo plantada pela igreja institucional.

Se o primeiro grupo crescer, ore e o divida para que os dois grupos tenham bons líderes e dons suficientes entre seus membros. Ambos os grupos poderiam se reunir em uma celebração maior em ocasiões combinadas, talvez uma vez por mês ou uma vez a cada três meses.

Independentemente do caminho que você tomar, mantenha seus olhos no alvo, mesmo durante as decepções, o que provavelmente haverá. Igrejas nos lares são formadas por pessoas, e pessoas causam problemas. Não desista.

É bem improvável que todos na congregação de sua igreja institucional façam essa transição; então, você terá que decidir em que ponto irá começar a se devotar completamente a uma igreja no lar ou a um grupo de igrejas nos lares, deixando a instituição para trás. Esse será um dia importante para você!

A Igreja Ideal (The Ideal Church)

O pastor de uma igreja no lar pode mesmo ter mais sucesso aos olhos de Deus que o pastor de uma mega igreja com um prédio enorme e milhares de atendentes todo domingo? Sim, se ele estiver multiplicando obedientes discípulos e discipuladores, seguindo o modelo de Jesus, ao invés de simplesmente reunindo bodes espirituais uma vez por semana para assistir a um concerto e ouvir um sermão divertido santificado por algumas passagens fora de contexto.

Um pastor que decide seguir o modelo de igreja nos lares nunca terá uma congregação grande. Mas em longo prazo, ele terá frutos que permanecerão por um bom tempo, já que seus discípulos fazem discípulos. Muitos pastores de “pequenas” congregações de 40 a 50 pessoas que ainda querem mais podem precisam ajustar suas ideias. Suas igrejas podem já ser muito grande. Talvez eles devam parar de orar por um prédio maior e começar a orar sobre quem será apontado para liderar duas novas igrejas nos lares. (Por favor, quando isso acontecer, não dê um nome à sua nova denominação e o título de “bispo” a si mesmo!)

Precisamos erradicar a ideia de que maior é melhor a respeito da igreja. Se nós formos julgar puramente com base bíblica, congregações que consistem de centenas de espectadores não discipulados que se reúnem em prédios especiais seriam consideradas um tanto estranho. Se os primeiros apóstolos visitassem igrejas institucionais modernas, ] coçariam as cabeças! (Estariam perdidos?)

Uma Objeção Final (A Final Objection)

Várias vezes, ouvimos que no mundo Ocidental, onde o cristianismo já se tornou parte da cultura, as pessoas nunca aceitarão a ideia de igrejas se reunirem em casas. E é então argumentado que devemos permanecer no modelo institucional.

Primeiro, isso tem provado não ser verdade, já que igrejas nos lares têm ganhado força rapidamente no mundo Ocidental.

Segundo, as pessoas já se reúnem alegremente em casas para festas, refeições, comunhão, estudos bíblicos e grupos de célula. A aceitação da ideia de uma igreja em uma casa só precisa de um pequeno ajustamento de pensamento.

Terceiro, é verdade que pessoas religiosas, “bodes espirituais,” nunca aceitarão o conceito de igrejas nos lares. Eles nunca farão alguma coisa que pareça esquisito aos seus vizinhos. Mas verdadeiros discípulos de Jesus Cristo com certeza aceitam o conceito de igrejas nos lares uma vez que entendem a base bíblica. Eles logo percebem como os prédios são desnecessários para o discipulado. Se você quiser construir uma grande igreja com “madeira, feno ou palha” (veja 1 Co. 3:12), você precisará de um prédio, mas tudo será queimado no final. Mas se você quiser multiplicar discípulos e discipuladores, construindo a Igreja de Jesus Cristo com “ouro, prata, [e] pedras preciosas,” então você não precisa gastar energia e dinheiro em prédios.

É interessante que o maior movimento evangelístico natural do mundo hoje, o movimento “de volta à Jerusalém” das igrejas nos lares chinesas, tem adotado uma estratégia específica para evangelizar a janela 10/40. Eles dizem: “Nós não temos o desejo de construir prédios de igrejas em lugar algum! Isso permite que o evangelho se espalhe rapidamente, dificulta sermos localizados pelas autoridades e nos permite canalizar todos os nossos recursos diretamente ao ministério do evangelho.”[9] Certamente um exemplo sábio e bíblico para seguirmos!

 


[1] Veja “Jesus on Money” (Jesus Sobre o Dinheiro) debaixo de Biblical Topics (Tópicos Bíblicos) no home page de www.shepherdserve.org.

[2] Mesmo parecendo radical, o único motivo da necessidade de prédios de igrejas é a falta de líderes que dirijam igrejas nos lares menores, que é o resultado de um discipulado pobre a líderes em potencial dentro de igrejas institucionais. Seria possível que pastores de igrejas institucionais grandes são, na verdade, culpados de roubar pastores chamados por Deus dentro de suas congregações de seus ministérios por direito? Sim.

[3] Essa proporção um por dez ou vinte não deve ser considerada um exagero à luz do modelo bíblico de Jesus de discipular doze homens e dos juízes de Moises sobre dez pessoas (veja Ex. 18:25). A maioria dos pastores institucionais administra muito mais pessoas do que pode discipular efetivamente sozinho.

[4] Também podemos nos perguntar o por que de “pastores titulares,” “pastores auxiliares,” ou “co-pastores” não serem mencionados nas Escrituras. Novamente, esses títulos, que parecem tão essenciais nas igrejas modernas por causa de suas estruturas, eram desnecessários na igreja primitiva por causa da estrutura dela. Igrejas nos lares com vinte pessoas não precisam de pastores titulares, auxiliares e co-pastores.

[5] Muitos pastores nunca se tornam bons oradores, mesmo sendo servos de Cristo chamados por Deus. Na realidade, é ser muito duro dizer que muitos sermões de pastores são chatos, ou pelo menos, às vezes? O que um crítico de igreja se refere com “fitar o horizonte” é muito comum entre os presentes. Mas esses mesmos pastores que são oradores entediantes são frequentemente bons conversadores, e as pessoas raramente ficam entediadas enquanto estão conversando. É por isso que o ensinamento interativo em igrejas nos lares é normalmente sempre interessante. O tempo voa nessas horas, em contraste com os muitos olhares velados aos relógios de pulso durante os sermões de igreja. Pastores de igrejas nos lares não precisam se preocupar se estão sendo chatos.

[6] Uma das minhas definições preferidas para a palavra insanidade é: Fazer a mesma coisa repetidamente esperando por resultados diferentes. Pastores podem ensinar por anos sobre a responsabilidade de cada membro de estar envolvido na formação de discípulos, mas a menos que ele faça algo para mudar formas ou estruturas, as pessoas vão continuar indo à igreja para sentar, escutar e ir embora. Pastor, se você continuar fazendo o que não mudou as pessoas no passado, não vai mudar as pessoas no futuro. Mude o que você está fazendo!

[7] É claro que o motivo principal de muitos pastores serem contrários a essa ideia é porque estão, na verdade, construindo seus próprios reinos, não o Reino de Deus.

* Nota do tradutor: este livro ainda não foi traduzido para o português.

[8] Eu sei que existem pessoas que transferem toda manifestação sobrenatural do Espírito ao primeiro século, o tempo que supostamente cessaram. Portanto, nós não temos razão para buscar o que a igreja primitiva vivenciou, e o dom de línguas não é mais válido. Eu tenho pouca simpatia por tais pessoas que são como saduceus modernos. Como alguém que em várias ocasiões louvou a Deus em japonês, de acordo com falantes japoneses que me ouviram, e nunca tendo aprendido japonês, eu sei que esses dons não deixaram de ser dados pelo Espírito Santo. Eu também me pergunto por que esses saduceus acreditam que o Espírito Santo chama, convence e regenera pecadores, mas negam o trabalho do Espírito além desses milagres. Esse tipo de “teologia” é o resultado da descrença e desobediência humana; não tem prova bíblica e na verdade vai contra o objetivo de Cristo. Isso é desobediência direta a Cristo, de acordo com o que Paulo escreveu em 1 Co. 14:37.

[9] Brother Yun, Back to Jerusalém* (De Volta á Jerusalém), p. 58.

* Nota do tradutor: Esse livro ainda não foi traduzido para o Português.